Persona

Seleção por Incompetências

“Responda-me o que eu quero ouvir, e eu te contratarei!”

Como você se imagina daqui a dez anos?
Cite 3 defeitos e 3 qualidades?
Como é a relação com sua família?
Quantas vezes você já ouviu em sua vida a estas perguntas?

Opa, opa! Se você é ingênuo a ponto de acreditar que este é um texto direcionado somente ao pessoal de recursos humanos das empresas, recomendo que desça urgentemente do barco de Cabral e atualize a sua cena!

Estas perguntas ineficazes hoje em dia são usadas em todo e qualquer processo seletivo: emprego, trabalhos em geral e até escolha de namorado em programas de TV e internet.

Na sociedade da imagem, aonde o conteúdo e a possibilidade da verdade vir a baila valem cada vez menos, a performance verbal e até mentirosa de alguns candidatos é que tem sido usada como critérios seletivo.

Hoje, mesmo que você tenha um conteúdo danado, seja doutor em astrofísica pela maior universidade do planeta, tenha estudado anos a fio, e seja um autodidata, isto tudo vale pouco se não souber projetar de forma adequada a sua imagem. Ser, nos tempos da sociedade do espetáculo, não é nada se você não parecer ser!

Puristas me perdoem, mas se você analisar as três perguntinhas absolutamente inócuas lá de cima e responder com a verdade tenho dúvidas que você seja contratado em qualquer lugar!

Em primeiro lugar, eu disse que elas são absolutamente inócuas. Vamos analisar:

Como você se imagina daqui a dez anos?

A tal pergunta só serve pra avaliar o poder de imaginação de um candidato a qualquer coisa, mais nada. Do futuro alguém sabe? Pode ser que se tenha uma resposta assertiva se o candidato for um “expert” em tarô ou qualquer outra técnica advinhatória, por exemplo.

Uma das capacidades de um mentiroso é sua capacidade de imaginar situações.

Se o candidato for esperto e estiver concorrendo a um cargo numa empresa, por exemplo, basta ele ter em mente a palavra carreira. Esta resposta é a esperada na maioria dos casos.

Cite 3 defeitos e 3 qualidades?

Caro leitor, pense agora sinceramente tal como Ana Karênina, aquela personagem de Leon Tolstói, apenas de si para consigo, e diga apenas a verdade nada mais que a verdade.

Quais são seus defeitos?

Vamos fazer de conta aqui!

Você sabe que é meio galinha, odeia acordar cedo e faz um esforço enorme para cumprir prazos.

Sinceramente, você diria isto num processo seletivo?

Quantas pessoas você conhece que foram aprovadas por falar a verdade, nada mais do que a verdade para esta pergunta?

E no fundo, usando os nossos neurônios qual a finalidade dela?

Será que a incompetência que toma conta de alguns selecionadores é tamanha e eles não tem outros métodos para descobrir defeitos e qualidades a não ser perguntando?

Será que estes mesmos despreparados selecionadores não imaginam que tem gente escolada e de novo esperta no mercado a ponto de responder um defeito, mas que lá no fundo vira qualidade!

Quer ver como?

Nos cursos de entrevistas que já ministrei vi nas dramatizações (sou psicodramatista) gente respondendo a esta pergunta assim:

-Sou um pouco teimoso, não abro mão até chegar ao final do trabalho.

Enfim, esta aparente teimosia acaba por se tornar uma virtude: a persistência!

Fora àquelas palavras manjadas para definir qualidades: gosto por desafios, criatividade, etc.

Enfim, um verdadeiro jogo de me engana que eu gosto!

Como é a relação com sua família?

Ai, ai, ai, ai. Esta no campo profissional é “braba”. Até porque eu não conheço ninguém que mesmo sendo filho ou marido de uma alcoólatra vá dizer isto no momento da entrevista, por exemplo. E se acabou de brigar com o marido intransigente vá contar pra selecionadora.

E pra que saber desta informação de forma tão direta?

Será que não há – de novo ele – método para saber se as relações familiares poderão interferir ou não no campo profissional?

Existem selecionadores que estão mais interessados na vida pessoal do candidato do que propriamente na sua capacidade profissional.

Uma garota que fizer este tipo de pergunta ao seu potencial namorado também dará com os burros na água. Se o cara for esperto responderá somente àquilo que ela quer ouvir.

Posso dizer com certeza que pela falta de método em seleção os candidatos estão se tornando a cada dia mais espertos!

Tanto que alguns já chegam a uma entrevista com um roteiro pronto de respostas. Tão pronto que alguns selecionadores, sem método, nem sequer percebem.

Sem contar as palhaçadas que caracterizam algumas dinâmicas de grupo!

Alvo de piadas e chacotas em vários “sites” na internet.

Os métodos seletivos também são temas do filme como “O que você faria?” e da peça “ O Método Grönholm”. Os artistas por seu modo peculiar de ler a vida já perceberam que os métodos de seleção atual são absolutamente incompetentes. Ao passo que os selecionadores das empresas usam apenas o termo-imagem “Seleção por Competências”. Sem saber o que este termo significa e sem fazer nenhuma leitura da empresa em que trabalham para saber se este método é aplicável ou não ao contexto em que trabalham. Escrevo isto de “cadeira”, já que ministrei diversos cursos deste tema e fiquei pasma com o desconhecimento sobre o que é “Competência”.

Seleção em qualquer esfera é de responsabilidade de especialistas em métodos competentes para prognosticar desempenho futuro. Existem vários, basta estudar e se aperfeiçoar. E deixar de repetir perguntas que outros fazem. É preciso botar a cabeça pra funcionar e vez por outra se perguntar:

- Pra quê servem estas perguntas?

- Que resultados irei obter?

Enfim, é o resultado no futuro cargo que deverá ser avaliado. Quem desfoca na entrevista apenas quer ser enganado. Caso aplique dinâmicas de grupo que não espelhem o resultado esperado para o cargo, também se auto-enganam.

Para tudo porém é preciso estar consciente e muito do que se quer tanto de um cargo como de um futuro namorado. É preciso visualizá-lo. O resto é bobagem!

Quem não sabe o que quer se deixa enganar. Se for um profissional de seleção atua por Incompetência, mesmo que profira aos quatro cantos que faz Seleção por Competências!

Dá vontade é de rir!   

Suely Pavan

 

Fonte: http://www.porhtal.com.br/artigos.html

 

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